domingo, 3 de abril de 2011

Não é fácil ser triângulo num mundo redondo...

Assim é Triangulinha, espetáculo que está em cartaz no Teatro dos Quatro, no shopping da Gávea.

Triangulinha nasce de uma família de redondos e imediatamente passa a ser rejeitada por seus pais, irmãos e coleguinhas. Sofrendo com essa rejeição, Triangulinha passa a conhecer sozinha as suas formas e sensações. Ao conhecer o menino triangulo - que eu gostei de pensar que se chamaria Triangulinho - ela não se sente mais tão sozinha e excluída, e até seus pais passam a aceita-la como é.


Triangulinha é uma espécie de O Patinho-feio, mas sem drama e com muita diversão. Nesses tempos em que se fala tanto sobre bullying, Triangulinha aparece com uma linguagem bem diferente para tratar da rejeição. Mesclando teatro-mudo, teatro-gestual, dança e artes circenses, Triangulinha encanta não só pelas performances impecáveis do elenco, mas principalmente, porque consegue mostrar o quão especial pode ser uma pessoa que não é igual a outra.
Triangulinha dá o seu recado sem que seja preciso dizer nenhuma palavra, afinal, "ser diferente é normal", já dizia uma antiga campanha publicitária da tv.
Os figurinos de Mauro Leite - que foram inspirados no mundo circense, creio eu - são simples, coloridos e caracteriza bem as personagens, criando uma nítida diferença entre os dois triangulos e a família de redondos. A cenografia de Dóris Rollemberg me pareceu bem simples, mas não sou especialista em cenários (nunca gostei muito de me arriscar nessa área), então prefiro apenas dizer que foi suficiente para completar o espetáculo, sem nenhum exagero visual. A coreografia de Toni Rodrigues e a trilha sonora de Mu Carvalho se completaram: crianças e adultos se animavam com as danças e músicas, batiam palmas ritmadas, aplaudiam ao final de cada coreografia. As partituras corporais deixavam claro cada sensação de angustia, dor ou alegria que as personagens sentiam.
O texto cênico de Monica Alvarenga é de uma sensibilidade emocionante, assim como a direção.

Algumas pessoas questionam se as crianças entendem do que se fala o espetáculo, por se tratar de um espetáculo gestual, mas eu nunca tive dúvidas, e basta entrar na sala, pra ver as crianças empolgadas, falando sobre bullying e o romances dos personagens triangulos. Durante o espetáculo, elas se exaltam, brincam, pulam, batem palmas, dão gargalhadas e comentam cada gesto das personagens. Ontem, quando o casal de triangulos estavam preparando a cena do beijo, uma criança gritou: "Beija logo!". Ouvi também uma criança comentando sobre a cena em que os coleguinhas de Triangulinha a rejeitavam, com movimentos no tecido...

Mas o que mais me encantou, foram os pais entrando na perna-de-pau... Eu sempre quis fazer uma personagem na perna-de-pau e ver aquele casal subindo no palco, em cima da perna-de-pau, me emocionou profundamente. Preciso confessar: me deu uma vontade imensa de voltar às oficinas de circo amanhã mesmo!

Voltando ao espetáculo, e parafraseando o Gilvan, Triangulinha é um espetáculo para seres humanos.
Levem suas crianças, mas se permitam também! É um espetáculo para todas as idades.
ASSISTAM!

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Ficha Técnica:
Texto e direção: Mônica Alvarenga
Figurinos: Mauro Leite
Cenografia: Dóris Rollemberg
Cenário virtual e animação: Agência Sal
Iluminação: Virgílio D´Ângelo (Grupo Corpo)
Coreografia: Toni Rodrigues (Companhia Paulo Caldas/RJ)
Música: Mu Carvalho Serviço:
Temporada: 5 de fevereiro a 8 de maio

Local: Teatro dos Quatro – Estrada da Gávea 52/lj.265 – Shopping da Gávea
Horário: sábados e domingos, às 17h
Tempo de duração: 45 min
Classificação: livre
Ingresso: R$50 (inteira) e R$25 (meia)

2 comentários:

  1. Que lindo!!!
    Vontade imensa de ir assistir...
    A semaninha tá corrida mas não vou deixar de ir!
    =D

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  2. Boa dica Liv, gostei, parece ser muito bom mesmo, bem teatral. Valeu. Bjs.

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