segunda-feira, 15 de abril de 2013

"O amor faz a diferença..."

"'Estou apaixonado por uma mulher extraordinária. Não lamento os reveses e contratempos, porque no final da minha vida estou vicejando como uma flor, por causa do amor e do apoio que ela me dá.'

'Ele pode amar de maneira tão profunda, mas tenta controlar isso muito bem em sua apresentação pública. Privadamente, permite-se ser um ser humano. Gosta que as pessoas saibam que é feliz.'

'Quando você ama uma mulher, não vê seus defeitos. O amor é tudo. Você não presta atenção às coisas que os outros podem achar errado nela. Você apenas a ama.'

(...) Finalmente, aos oitenta anos, encontrou aquele amor e a felicidade com Graça Machel. Foi o final feliz que esteve buscando por meio século."



Trecho extraído do livro "Os caminhos de Mandela - Lições de Vida, Amor e Coragem", de Richard Stengel.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Grito de saudade

Muito se passou desde que voltei ao Brasil, mas a verdade é que pouca coisa mudou, exceto, dentro de mim. Me sinto mais feliz hoje do que antes da viagem e posso dizer que o intercâmbio foi minha cura. Como não me canso de dizer; abrir a cabeça faz milagres!

Não sei ao certo porque parei de escrever desde que voltei... a vida não teve grandes mudanças. Mas o coração anda mais calmo, envolto de alegria com uma nova presença canina para alegrar e anestesiar a minha vida.

Jolie veio para casa em março ou abril do ano passado, quando eu estava em Vancouver ainda. Ela era uma bebê que uma ONG de Terê postou no facebook que estava para adoção e imediatamente me encantei com aquelas bochechas caídas. Entre conversas, acabei convencendo meus pais a ficarem com ela, que já tinha sido adotada. Mas Deus mandou um sinal e a família adotante se encantou com outro cachorrinho da OMG. Conclusão: Jolie veio parar aqui! Lembro que meu irmão contava que o Ubaldo, abusado como era, não se metia a besta com ela. E o Bud, todo grandão ao lado daquela bebezinha que chegou encantando todo mundo...

Sofri muito quando o Ubaldo se foi sem que eu pudesse me despedir. Esse é o tipo de coisa que não tem como você adivinhar que vai acontecer e a verdade é que eu nunca imaginei que nunca mais o veria... Há quem me chame de egoísta por ter viajado e deixado meus cachorros aqui, mas... bom, não tem como levar todos os meus amores, certo?

Minha surpresa ao chegar aqui, fora conhecer Jolie, foi ver que o Bud ainda estava esperando por mim, como pedi a ele antes de viajar - esse talvez tenha sido meu grande gesto egoísta com alguém que eu tanto amei.

Bud estava magro e não conseguia se levantar sem que alguém o ajudasse. Levantou-se sozinho, somente as patas da frente, quando me viu. Foi um reencontro emocionante, por todas as circunstancias. Quando fiquei sozinha com ele, chorei... chorei por perceber o quão egoísta eu fui ao pedir que me esperasse (e ninguém venha me dizer que os cachorros não entendem o que dizemos, porque eles entendem sim!). Chorei porque vi que, embora vivo, ele já não vivia com tanta alegria quanto antes. Chorei porque pude sentir seu amor incondicional.
Bud foi um cachorro muito especial. Chegou em casa já adulto, conheceu e conviveu com todos os outros cães que tivemos. Foi o filhote que o Elfye não teve, um parceiro para o Argos, um pai para o Ozzy, um irmão para o Ubaldo e um verdadeiro exemplo para Jolie. Para nós, Bud foi um amor indescritível. Seus grandes olhos nos diziam palavras puras que ser humano nenhum, nunca, será capaz de dizer com sinceridade. O Bud jovem era estabanado e cheio de energia. Corria pelo quintal com seu imenso corpo, nos dando a sensação de iria cair a qualquer momento... nos divertíamos muito com ele. E acredito que ele também se divertia com a gente... A forma como ele nos olhava quando o cobríamos para dormir é de encher de esperança, amor e gratidão o coração de qualquer um...
Antes mesmo de fazer 1 mês que eu estava de volta ao Brasil, Bud se foi... Foi um dia difícil pra mim. Mas compreendo que a vida estava muito difícil pra ele... Bud tinha 12 anos e para um dog alemão isso é muito. Lembro o desespero de Jolie quando viu o moço do cemitério passando com o corpo dele e fico me perguntando como tem gente que acha mesmo que cachorro não sente... Jolie, tão nova, e vivendo um luto. Um luto que ainda dói... em mim, nela e em todos aqui...



Não sei porque hoje, porque sobre ele, mas a alma estava gritando aqui... grito de saudade! Deixei as palavras fluírem e, junto com elas, as lágrimas...


domingo, 12 de agosto de 2012

2 semanas!

Oi fantasminhas...
APARECI! Estava evitando aparecer, porque tá chegando a hora de ir embora e começa a bater a nostalgia do tempo que vivi aqui, das coisas que fiz errado, do que fiz certo, do que aprendi... enfim, eu sei que será estranho voltar a viver no Brasil, com todos os problemas, mas nesse momento é o melhor a ser feito.
Do último post (sobre o trabalho) pra cá, muita coisa aconteceu e mudou: saí do trabalho, voltei a estudar em uma escola diferente, conheci pessoas novas, tive meu inglês elogiado por nativos, enfim... muitas coisas que valeram o aprendizado, outras que eu poderia ter feito diferente (e que talvez tivessem mudado tudo...)... A única sensação desse momento, é de querer aproveitar cada segundo dessas minhas duas semanas de férias e zero arrependimento!
Tenho ido a lugares fantásticos, tirado fotos incríveis, visto pessoas lindas e de todos os cantos... O verão vancouverite é mesmo "bombástico": até no Pacífico eu já mergulhei! Delícia de praias, delícia de água gelada que refresca até a alma e lava toda a energia ruim!!! Há quem diga que as praias brasileiras são mais bonitas, e de fato a areia branquinha faz muita falta por aqui, mas esse marzão sem onda, pra mim, é imbatível!
Vancouver deixará saudade e uma certeza: eu voltarei!
Beijos saudosos no coração...

terça-feira, 10 de julho de 2012

Das coisas que aprendi com o Ubaldo...


Quando abri a porta ele me olhava, com um olhar ao mesmo tempo curioso e assustado, rosnando para defender o território que agora entendera como dele... Sem saber o que fazer, sorri e continuei parada na porta, com um pouco de medo de ser mordida por ele e ao mesmo tempo encantada com aquele bichinho abusado que mal chegara e já me impedia de entrar na minha própria casa...
Foi uma questão de segundos, mas me lembro hoje como se tivesse durado horas: o momento em que o vi pela primeira vez, já o considerava o cachorro mais abusado e encantador do mundo!
Meu irmão, que encontrava-se sentado no sofá, me falou para entrar e tratou de me apresentar ao Ubaldo, nosso novo companheiro. Tentei fazer um carinho e ele rosnou. Fiz a fria e fui pro meu quarto: mas ele já ocupava meu coração assim mesmo, sem pedir permissão pra entrar.
O convívio em casa foi melhorando depois de sua chegada, nos tornamos uma família de novo, depois de anos convivendo trocando farpas. O Ubaldo nos trouxe de volta o amor, a alegria e a paz que faltavam em nossa casa. O apartamento de dois quartos parecia pequeno pra ele - e o era, de fato! - mas ele fazia tudo parecer maior. Latia como gente grande, sempre no horário da novela ou sempre quando algum vizinho abria a porta... ou ainda quando queria dar uma voltinha lá embaixo. O apartamento não era o local adequado pra um cachorro daquele porte, mas ele transformara nossas vidas ali dentro. Quando tentávamos fazer um carinho, ele deitava, rolava, se entregava e logo depois avançava  de leve na nossa mão, como quem dissesse: "Eu te amo, mas não vou deixar você me machucar!". Completamente compreensível, depois de tudo o que ele sofreu nas ruas...
Quando ele ficou doente, descobri que eu poderia ser uma boa mãe... foi no momento em que meu irmão se mudou e eu me vi sozinha com ele, cuidando da minha faculdade, do meu trabalho, da doença dele e da casa. A vida estava uma bagunça, mas eu era mais feliz ao seu lado, porque sempre que eu chegava em casa, ele me recebia aos pulos, latindo e me recepcionando com alegria. Não me iludo, sei que o que ele queria era descer pra fazer xixi ou cocô, depois de ficar o dia inteiro preso em casa. Mas ainda assim, ele o fazia e voltava correndo, porque sabia que aquele era o seu pequeno castelo e que era muito amado ali...
Quando íamos ao veterinário, ele sempre encarava os cachorros da rua que vinham pra cima de nós, abusados como todo cachorro de rua e como o próprio Ubaldo o era... mas quando as sessões de quimioterapia começaram a fazer efeito, ele já não se sentia forte o suficiente para subir a ladeira do Loreto e eu o fazia com ele no colo, e ele não rosnava mais pra mim, porque sabia que aquilo era para o seu bem... quando eu passava com ele no colo, os cachorros da rua já não avançavam mais em mim, meio que se solidarizando com o Ubaldinho... Mas a Cris nos ajudou e ele voltou a ser aquele cachorro forte e abusado que eu conheci.
Até que finalmente conseguimos leva-lo para morar em Teresópolis, em um jardim onde ele poderia correr a vontade e fazer suas necessidades fisiológicas quando sentisse vontade.
Foi uma troca injusta pra mim, mas muito feliz pra ele e isso era o que importava pra mim: faze-lo  feliz!
Mesmo em Terê, o Ubaldo ainda era o cachorro desconfiado e abusado de sempre (veja no vídeo como ele tratou o Bud logo no primeiro dia, rs), mas que nos devotava um amor incondicional. Com o Bud, era um mala. Com o Ozzy, um amigo implicante. Mas tenho certeza de que ambos o amavam como nós...
E quando o Ozzy se foi, acredito que ele tenha sido um bom parceiro ao Bud e aos meus pais e serei eternamente grata por isso.
O Ubaldo foi um dos cães mais inteligentes que eu já conheci. Nos entendia e nos respondia como se fosse gente. Ou ainda melhor, já que gente é egoísta e ele só trazia alegria. Me lembro quando ainda morávamos no apartamento, que eu estava brigando com um namorado e ele tomou as minhas dores, me olhando com solidariedade e dando a patinha ao dito cujo como quem diz: "Pare de fazer minha irmã sofrer!".
Ubaldo e sua patinha, sempre levantada para quem te fizesse um  carinho ou demonstrasse um pouquinho de afeto... Alguns diziam que ele era feio, mas feio era os olhos de quem dizia isso. Ubaldo era lindo! Bastava olhar nos seus olhos pra ver o quão bonito ele era: sua beleza estava lá, no fundo dos seus olhos, nas suas atitudes e no seu coração. Todos os cachorros são exemplos para nós, humanos. Temos muito o que aprender com eles.
Quando fui me despedir dele, antes de vir pra cá, eu não imaginava que aquela seria a última vez que eu o veria. Tentei abraça-lo, ele rosnou, mostrou os dentinhos quebrados e eu dizia: "Pára que eu não sou dentista!" Mas claro que ele não parava... será que ele sabia que aquele seria nosso último encontro?
Ubaldo, eu te peço perdão por não ter estado com você nos seus últimos 5 meses de vida... mas sei que você foi feliz e que o Lian e meus pais fizeram tudo o que podiam por você.  Se é verdade o que o veterinário disse, que você queria morrer, então acredito que agora esteja em paz.
Ao lado do Ozzy, do Argos e do Elfye, o paraíso ganhou mais um anjo ontem. Nossos corações estão despedaçados, mas vocês nos ensinam a não sermos egoístas, portanto seguiremos nossas vidas: faltando um pedaço, mas tentando não sofrer. Você foi feliz em nossa casa, acredito nisso, e nos ensinou muito mais do que gratidão.
Você mudou a nossa forma de amar e nos tornou melhores! Cada pessoa da nossa família tem muitas histórias bonitas ao seu lado e todos nós devemos muito a você!
Essa foto é do nosso último encontro e essa saudade que eu já sentia, agora irá morrer comigo...

Fique em paz... nós amamos você!

terça-feira, 5 de junho de 2012

Trabalhando no Intercâmbio

Éh pessoal, terminadas as 12 semanas na escola, parti para o mais difícil: a busca por um trabalho.
Como procurar um trabalho em um país estranho, onde você não tem referências, muito menos experiência e isso tudo com mais uma dificuldade: não compreende direito o idioma? Não é fácil e chega a dar uma vontade de desistir de tudo e voltar pra casa. Mas me joguei! Imprimi 70 currículos, 20 cover letters (uma carta de apresentação, que algumas empresas pedem por aqui) e fui de porta em porta, pedindo pra falar com o gerente, errando alguns tempos verbais, as pronúncias, mas tentando... Também conversei com a representante da minha agência aqui em Vancouver (não sei se cheguei a falar, mas vim pela agência Information Planet, que tem uma filial em cada cidade pra onde ela manda estudantes) pedindo algumas informações sobre como agir, onde ir e etc... Numa dessas "portas" em que bati, acabei dando a sorte de conseguir falar diretamente com o gerente e ele acabou me pedindo para voltar mais tarde para que ele pudesse me entrevistar - detalhe: no meu restaurante preferido daqui. Fiquei nervosa... como ser entrevistada, sabendo que seu inglês está longe de ser bom? 
Mesmo assim, continuei na busca... deixei mais alguns currículos, fui pra academia, tomei banho, me maquiei, e na hora marcada já estava lá! Ainda fiquei um tempo esperando, porque ele estava muito ocupado, mas ele acabou me atendendo e foi quando eu pensei: eu quero esse emprego e preciso ser honesta, se tenho dificuldade de entender o que me falam, preciso que ele saiba disso! E falei isso... não sei se isso me atrapalhou, porque acabei não indo trabalhar lá, embora ele tenha dito que isso não seria um problema e que ele gostou de mim, mas teria que esperar o verão pra me contratar. E bem, eu volto para o Brasil um mês antes de acabar o verão. Então, nosso posso esperar, certo?
Continuei na procura e um belo dia, recebi um telefonema de uma amiga dizendo que sua amiga estava precisando de alguém para ajuda-la no restaurante onde trabalha: mais uma vez me joguei e aí sim, consegui o meu tão almejado trabalho no exterior.
Estou lá à duas semanas, tendo algumas dificuldades no listening - como eu já tinha previsto - e sem saber se estou agradando, mas ainda assim, continuo me esforçando e tentando.
O meu trabalho não é nada do que imaginei que seria quando vim pra cá: eu lavo louça - tarefa doméstica que sempre odiei -, esfrego o chão, limpo os vidros, sou caixa e sirvo as mesas. Isso em um restaurante mediterrâneo. O meu "patrão" parece ser uma pessoa maravilhosa, de bom coração e isso me fez gostar de lá de graça! O ambiente tem uma energia bacana e eu gosto de trabalhar assim. Isso torna as dificuldades um pouco mais leves, eu acho...
Eu fui treinada pela outra brasileira que trabalha lá, em português mesmo e isso tornou as coisas mais fáceis também, ela é paciente e sempre tira minhas dúvidas quando me esqueço de algo. Mas não trabalhamos no mesmo horário, o que é bom, já que preciso mesmo é ouvir inglês!

Acho engraçado como as coisas são... eu, que já fiz dança do ventre e sempre me interessei muito pela cultura muçulmana, tendo até lido alguns livros à respeito, cheguei no Canadá e acabei me apegando justamente à eles. Meus amigos mais próximos, atualmente, são árabes. Não seguem à risca seus costumes e nem sei se são religiosos - e eu acho que não, mas têm um coração do tamanho do mundo. E agora, tenho um chefe Iraquiano, que segue à risca os costumes muçulmanos e também tem um coração enorme - pelo menos, pelo pouco que conheci, foi a impressão que ficou.
Eu, que estava tão curiosa e ansiosa por fazer amizades com canadenses, por conhecer a cultura "branquela" do Canadá, acabei me surpreendendo com os árabes e até agora, não sei quase nada da cultura canadense.
Vancouver é uma cidade com muitos imigrantes, vindos de todas as partes do mundo, e posso dizer que 75% dos clientes que vão no restaurante são árabes (ou de culturas parecidas). Isso dificulta um pouco a minha situação, porque são muitos sotaques e pronúncias diferentes, e eu acabo sem saber o que é certo, mas acho que no fim das contas, o importante mesmo é se comunicar e não fazer besteira no trabalho. O resto, eu vou aprendendo com o tempo...

Beijos direto da primavera gelada de Vancouver... :)

domingo, 20 de maio de 2012

Você se sente amado?

O cara diz que te ama, então tá. Ele te ama.
Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado.


Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se.

A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e verbalização, apesar de não sonharmos com outra coisa: se o cara beija, transa e diz que me ama, tenha a santa paciência, vou querer que ele faça pacto de sangue também?

Pactos. Acho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver e tocar. É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas, um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia venha a dividir o caminho dos dois.

Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que sugere caminhos para melhorar, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você, caso você esteja delirando. "Não seja tão severa consigo mesma, relaxe um pouco. Vou te trazer um cálice de vinho".

Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d´água. "Lembra que quando eu passei por isso você disse que eu estava dramatizando? Então, chegou sua vez de simplificar as coisas. Vem aqui, tira este sapato."

Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro. Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo. Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta.

Agora sente-se e escute: eu te amo não diz tudo.

(Martha Medeiros)

domingo, 6 de maio de 2012

12 semanas!

Falta pouco pra completar 3 meses que estou aqui, mas eu já fechei o primeiro ciclo! Já finalizei as 12 semanas de estudos e agora estou novamente na luta em busca de um trabalho.


Estou me sentindo como aquela adolescente que foi morar no Rio aos 19 anos e corria de porta em porta pra deixar um currículo, sonhando em se sustentar pra estudar teatro e se tornar uma grande atriz...

Quase dez anos depois, quase nada mudou... Toda a minha experiência em entrevistas, cursos, psicóloga, e vida, não tem servido pra me dar segurança na hora de entrar numa loja e deixar meu "resumé". O motivo é quase obvio: agora eu tenho que fazer ainda melhor do que eu fazia, mas em inglês! E pra quem a até 3 meses atrás, não sabia muito mais que dizer o seu nome e idade, isso não é nada fácil.

Parece óbvio que hoje eu já consiga manter um diálogo em inglês, quase sem nenhum erro de concordância, e é! Mas na hora de manter uma conversa formal, com um gerente de um lugar aonde você pretende trabalhar, todas as palavras se embaralham e eu volto a ser aquela adolescente insegura e quase sem experiência que não sabia aonde queria trabalhar, mas precisava de dinheiro pra se manter e manter aceso o seu sonho de trabalhar no que ama. E a verdade é que é mais ou menos assim mesmo que me sinto, porque eu não tenho perspectiva nenhuma aqui: apenas preciso treinar meu inglês, ganhar experiência internacional e dinheiro pra manter esses próximos quatro meses. É complicado procurar emprego sem perspectivas de futuro.

Eu quero é começar a voar o quanto antes e aí sim, construir a minha vida. Mas antes disso, é preciso encontrar uma oportunidade aqui, viver a vida em inglês... e emagrecer! E isso não está nada fácil.

Mas como eu não costumo abaixar a cabeça, mesmo quando tudo parece impossível, continuarei nessa luta que tem sido tão difícil...
Raul diria: "Um sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só! Mas sonho que se sonha junto é realidade!"... E eu preciso é acreditar que não estou só - já que não estou mesmo!

Mesmo com todas as dificuldades, eu ainda tenho fé nos meus sonhos - e esses não são poucos. E é só por eles que eu estou aqui, longe de todas as pessoas eu amo. E assim me manterei: lutando e acreditando!


Quem quiser vir comigo, que seja pra me fazer acreditar ainda mais. 

Beijos saudosos e ST!

Foto: O momento em que eu recebia o meu diploma de inglês intermediário.

terça-feira, 24 de abril de 2012

News

Oi povo...

Dei uma sumida do blog, meio que de propósito, porque passei uns dias meio tristinha e/ou estranha e como tristeza só é bom na ficção, preferi ficar quietinha na minha.
Acontece que a medida que eu vou mudando de level o idioma vai ficando mais difícil e as dificuldades vão aumentando e no início desse Level 2A tinham dias que eu sentia vontade de chorar no meio da sala de aula, porque não entendia o que o professor falava, não entendia a matéria e me sentia uma retardada porque só eu interrompia a aula pra tirar dúvidas. E a verdade é que isso não mudou, mas o que eu percebi é que às vezes as pessoas não entendem, mas ficam com vergonha ou preguiça de perguntar; se esquecem que estão pagando CARO pra estar ali e que a função do professor é justamente essa: tirar dúvidas! Se não fosse por isso, usaríamos apenas os livros e os cds para estudar, certo?

Eu ainda não estou 100%, porque está muito difícil encontrar emprego, está difícil encontrar um quarto pra eu morar e as coisas aqui estão muito caras pra mim. Também ando triste por um motivo completamente fútil, mas do qual eu não consigo me livrar: estou engordando assustadoramente. Vou à academia TODOS os dias, malho durante pelo menos 1 hora e meia, mas ainda assim está complicado emagrecer. Aí junta a cobrança de ter que aprender o idioma, com a cobrança de ter que arrumar um emprego, com o estresse que é pra arrumar um quarto, mais a cobrança de ter que emagrecer (porque minhas roupas não estão servindo mais!) e pronto: a cabeça pára!

O que eu tenho percebido é que as pessoas que alugam quartos aqui não gostam muito de brasileiros. Algumas pessoas pra quem liguei, foi a primeira coisa que me perguntaram: "where are you from?" e quando respondo Brasil, dizem que o quarto já foi alugado... Provavelmente porque algum brasileiro fez merda - e o que mais tem é gente que só vem fazer intercambio pra fazer merda - e agora quem paga o pato sou eu! Quem mandou ser brasileira?

Enfim, to tentando economizar de todas as formas e tentando levantar meu astral, porque se eu baixar a bola, já sei como é e não funciona! Minhas notas estão melhorando e, embora eu ainda não entenda perfeitamente tudo o que me falam, meu "listening" está melhorando devagar.

Tenho feito passeios incríveis - dando preferencia aos gratuítos, obviamente -, e a primavera aqui é realmente surpreendente. E não param de chegar brasileiros...

Kisses...

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Grouse Montain - a Minha aventura no gelo! :)

Oiiiiiiiiiii...
No último domingo eu fui conhecer a montanha mais alta de Vancouver, aproveitar o início da primavera e talvez a ultima oportunidade de ver neve por aqui.
Eu acordei meio desanimada, porque o dia amanheceu ensolarado e eu queria ir em um dia que estivesse tudo branco mesmo... mas fui assim mesmo e foi demais!
É muito fácil pra ir e não é necessário guia, basta você pegar o SeaBus pra North Vancouver e lá mesmo pegar o ônibus 236, cujo ponto final é na entrada da aventura. A parte ruim: você precisa pagar $42,00 só pra subir! É um "Bondinho" tipo o do Pão-de-Açúcar, só que um pouco menor e a subida é mais rápida também... Mas pra mim foi onde o coração começou a acelerar, porque lá embaixo, obviamente, as árvores estavam verdes. Mas à medida em que você vai subindo, a neve começa a aparecer. As folhas das árvores começam a ficar branquinhas, cada vez mais, até que você chega lá em cima e encontra tudo branco. Lindo, lindo, lindo... Essa foto é da minha subida, quando meu coração começou a bater mais forte: a qualidade não está muito boa porque o vidro do "bondinho" estava molhado e embaçado. Mas me digam se não é lindo???
Quando eu cheguei lá em cima, eu pirei... a temperatura era 3º negativos, mas eu suava de calor, de tanta emoção que sentia... Me senti uma criança que nunca tinha visto neve e me comportei como tal... hahahaha. Como eu não sabia por onde começar, me fingi de comportada e fui tirar fotos... de tudo, apontando a câmera pra todos os lados... hahaha... Logo eu desisti de me comportar e resolvi tirar foto de uns bonecos que estavam afundados na neve... 
Tentei subir para tirar a foto mais de perto e aconteceu o primeiro mico: entalei na neve! Kkkkkkkkkkkkk... Eu não percebi que era neve fofa e saí correndo na subida e, não satisfeita em entalar uma vez, continuei subindo e entalei de novo, e de novo, até que meu pé começou a afundar mais do que a altura da bota e molhou minha calça, daí me preocupei e desci: mas se entalei pra subir, obviamente, entalei também pra descer... ainda bem que todo mundo tava muito preocupado em esquiar e nem ligaram pra mim.  Esses são os bonecos safados que me fizeram entalar na neve: foi nesse morrinho aí que eu entalei, mas confesso que a minha vontade era deitar ali e pedir pra alguém tirar milhões de fotos... Segui minha guia - eu mesma - e fui explorar o "Resort". Tudo muito branco, muito lindo, pessoas esquiando, crianças esquiando, snowboard, tombos engraçados, tombos feios, árvores lindas... enfim, como choveu a semana inteira, aquilo lá estava o paraíso e eu, criança feliz, não poderia deixar de realizar o meu sonho mais infantil: deitar na neve! 
DEITEI NA NEVE!!!!!!!!!!!!!!! Deitei na neve e sorri... sorri... fotografei e sorri mais! Gargalhei... de doer a bochecha, sozinha, como uma louca... louca por neve! Fiquei lá, quietinha, deitada, por uns 2 minutos apenas, porque o casaco é impermeável, mas não é "WaterProof" como a bota, então né... continuei minha aventura na neve, forever alone e feliz como uma criança. Vi pessoas com uma churrasqueira, música alta, esquís, crianças fantasiadas esquiando, crianças levendo tombos bizarros, adultos morrendo de medo, crianças tirando onda... Uma das coisas mais lindas que eu vi: uma família brincando de guerra de neve! Aaaaaaahhh... esse é um sonho impossível de realizar sozinha! Minha vontade era pegar uma bolinha bem bonita e jogar neles, carimbando meu passaporte pra guerra. Mas eu nem tenho essa cara-de-pau, então, fiquei só olhando e sorrindo de longe... cheguei a fazer uma bolinha de neve e joguei no chão mesmo... Achei bolas gigantes e joguei nos bonecos que me fizeram entalar. Eu sou moleca mesmo, não tem jeito, tenho sonhos bobos e desses, não realizei outro além da guerra de neve: o ski. Mas vou te falar, que eu aproveitei tanto a minha tarde na neve, que não ter esquiado não me fez menos feliz. Terei muitas outras oportunidades de esquiar, tenho certeza que sim.
Eu fui, fiquei e voltei sozinha, como a maioria dos meus passeios aqui, mas vou contar pra vocês: foi um dos melhores dias da minha vida - quase empata com o FLU campeão na véspera do meu niver!
De verdade, eu fui embora porque precisava estudar, mas a verdade é que enrolei demais antes de sair de lá. Esse dia ficou marcado no meu coração e na minha memória, e eu choro só de pensar nele: de felicidade, por ter realizado um sonho; e com um pouquinho de tristeza, por não poder dividir esses momentos com as pessoas que eu amo e principalmente, com as duas pessoas que eu mais amo no mundo e que são os responsáveis pela realização do meu sonho: meus pais lindos!
Caminhando pro meu segundo mês aqui, a saudade está apertada demais, mas estou cumprindo o meu dever: falando - e entendendo - inglês!
Deixo vocês com algumas outras fotos...

Meus pés na neve.  Churrasco
Lindo! Vamos brincar de guerra? 

 :) O bondinho...
Obrigaaaaaaaaadaaaaaaaaa!!!!!!!!!!

Beijos no core...

quinta-feira, 22 de março de 2012

St. Patrick's Day

Esse post era pra ter ido ao ar dia 18 ou 19, mas acabei me enrolando nos estudos e não deu... sorry!!!

Como alguns já sabem, dia 17 de março é comemorado em quase todo o mundo o Dia de São Patrício (St. Patrick's Day) - além do aniversário do meu irmão. Rs.
São Patrício é o Santo padroeiro e Apóstolo da Irlanda e também o santo mais festejado do mundo. É muito reverenciado nos países que falam a língua inglesa e também em alguns países da Europa e América do Sul, como a Argentina por exemplo. No Brasil, apesar de não ser feriado, alguns lugares - talvez mais ligados à cultura irlandesa - fazem festa em comemoração ao Santo. O uso de trajes e fitas verdes, trevo de 3 folhas e o abuso do álcool, principalmente a cerveja, são algumas das principais características do St. Patrick's Day. 
Eu tive o prazer de testemunhar a Parada de St. Patrick's Day aqui em Vancouver, no último dia da festa - o santo é comemorado por 1 semana, do dia 10 ao dia 18, com muitas festas e músicas. E vou contar um pouco do muito que vi...
Logo que cheguei aqui vi que no mercado estavam sendo vendidos chapéus, trevos, moedas, fantasias e muitas outras coisas na cor verde, sempre com alguma coisa escrito em amarelo ou dourado se referindo à St. Patrick's Day... ignorante que sou, não sabia do que se tratava e fui logo me informar. Muita gente, gosta desse feriado apenas para abusar das festas, do álcool e beber cerveja verde (eu não experimentei, mas me falaram que o sabor é o mesmo, só muda a cor!), mas o que eu vi no domingo, contrariou tudo que eu estava pensando até então: as pessoas realmente fazem questão de participar do desfile e comemorar em grande estilo.
A Parada começou com um desfile de motos da Polícia de Vancouver, com muitas luzes e pisca-alerta. Eu fiquei realmente impressionada com a forma como as pessoas respeitam a polícia aqui e todas olham muito encantadas para aquilo - foi esse o dia em que vi mais canadenses por aqui. Após o desfile de motos, veio uma ala de cavalos, com homens trajando kilt montados e abrindo espaço para uma banda, que veio logo atrás. Isso me lembrou bastante a minha infância em Visconde e os nossos desfiles de 7 de setembro, com a banda dando a volta na Praça. Vale ressaltar: todos da banda também usavam kilt. Não me lembro ao certo quantas alas participaram da Parada, que teve a duração de mais ou menos 90 minutos, mas foram várias alas de bandas, alas de pontos turísticos de Vancouver, que distribuíam brindes ou descontos, alas de escolas irlandesas e o que mais me encantou, uma ala do Clube do Wolfhound Irlandês. Vários cachorros da raça desfilaram e eu fiquei apaixonada por eles... quero um!!! Além disso, tivemos casais dançando música irlandesa, sapateado, perna-de-pau (amoooooooooo!), monociclo, acrobacias, palhaços e até uma pequena ala representando o Brasil: 3 mulheres caracterizadas para o carnaval com uma bandeira do Brasil onde vinha escrito atrás "Rainhas do Samba"! Achei um pouco fora do contexto, mas me senti um pouco mais próxima do meu país... Foi sem dúvida um dos meu programas preferidos daqui.
Depois do desfile, que aconteceu na Howe Street as pessoas correram pra Granville Street, onde tinha um pequeno palco e algumas barraquinhas e demonstração ou vendas de produtos típicos, além da exposição dos meus amados cachorrões! 
Fiquei realmente muito encantada com essa manifestação cultural e religiosa aqui na cidade, foi um lindo desfile, com crianças de 2 à 80 anos. Todos participam com muita alegria e disposição. Belíssimo!

Eu tirei muitas fotos e vou postar algumas pra vocês.



















Infelizmente, ainda não inventaram uma câmera capaz de capturar sentimentos, para que vocês possam ver a emoção de todos que lá estavam, mas espero que tenham gostado. Mais informações sobre o St. Patrick's Day, clique aqui.

Beijos cheios de saudade...