terça-feira, 5 de junho de 2012

Trabalhando no Intercâmbio

Éh pessoal, terminadas as 12 semanas na escola, parti para o mais difícil: a busca por um trabalho.
Como procurar um trabalho em um país estranho, onde você não tem referências, muito menos experiência e isso tudo com mais uma dificuldade: não compreende direito o idioma? Não é fácil e chega a dar uma vontade de desistir de tudo e voltar pra casa. Mas me joguei! Imprimi 70 currículos, 20 cover letters (uma carta de apresentação, que algumas empresas pedem por aqui) e fui de porta em porta, pedindo pra falar com o gerente, errando alguns tempos verbais, as pronúncias, mas tentando... Também conversei com a representante da minha agência aqui em Vancouver (não sei se cheguei a falar, mas vim pela agência Information Planet, que tem uma filial em cada cidade pra onde ela manda estudantes) pedindo algumas informações sobre como agir, onde ir e etc... Numa dessas "portas" em que bati, acabei dando a sorte de conseguir falar diretamente com o gerente e ele acabou me pedindo para voltar mais tarde para que ele pudesse me entrevistar - detalhe: no meu restaurante preferido daqui. Fiquei nervosa... como ser entrevistada, sabendo que seu inglês está longe de ser bom? 
Mesmo assim, continuei na busca... deixei mais alguns currículos, fui pra academia, tomei banho, me maquiei, e na hora marcada já estava lá! Ainda fiquei um tempo esperando, porque ele estava muito ocupado, mas ele acabou me atendendo e foi quando eu pensei: eu quero esse emprego e preciso ser honesta, se tenho dificuldade de entender o que me falam, preciso que ele saiba disso! E falei isso... não sei se isso me atrapalhou, porque acabei não indo trabalhar lá, embora ele tenha dito que isso não seria um problema e que ele gostou de mim, mas teria que esperar o verão pra me contratar. E bem, eu volto para o Brasil um mês antes de acabar o verão. Então, nosso posso esperar, certo?
Continuei na procura e um belo dia, recebi um telefonema de uma amiga dizendo que sua amiga estava precisando de alguém para ajuda-la no restaurante onde trabalha: mais uma vez me joguei e aí sim, consegui o meu tão almejado trabalho no exterior.
Estou lá à duas semanas, tendo algumas dificuldades no listening - como eu já tinha previsto - e sem saber se estou agradando, mas ainda assim, continuo me esforçando e tentando.
O meu trabalho não é nada do que imaginei que seria quando vim pra cá: eu lavo louça - tarefa doméstica que sempre odiei -, esfrego o chão, limpo os vidros, sou caixa e sirvo as mesas. Isso em um restaurante mediterrâneo. O meu "patrão" parece ser uma pessoa maravilhosa, de bom coração e isso me fez gostar de lá de graça! O ambiente tem uma energia bacana e eu gosto de trabalhar assim. Isso torna as dificuldades um pouco mais leves, eu acho...
Eu fui treinada pela outra brasileira que trabalha lá, em português mesmo e isso tornou as coisas mais fáceis também, ela é paciente e sempre tira minhas dúvidas quando me esqueço de algo. Mas não trabalhamos no mesmo horário, o que é bom, já que preciso mesmo é ouvir inglês!

Acho engraçado como as coisas são... eu, que já fiz dança do ventre e sempre me interessei muito pela cultura muçulmana, tendo até lido alguns livros à respeito, cheguei no Canadá e acabei me apegando justamente à eles. Meus amigos mais próximos, atualmente, são árabes. Não seguem à risca seus costumes e nem sei se são religiosos - e eu acho que não, mas têm um coração do tamanho do mundo. E agora, tenho um chefe Iraquiano, que segue à risca os costumes muçulmanos e também tem um coração enorme - pelo menos, pelo pouco que conheci, foi a impressão que ficou.
Eu, que estava tão curiosa e ansiosa por fazer amizades com canadenses, por conhecer a cultura "branquela" do Canadá, acabei me surpreendendo com os árabes e até agora, não sei quase nada da cultura canadense.
Vancouver é uma cidade com muitos imigrantes, vindos de todas as partes do mundo, e posso dizer que 75% dos clientes que vão no restaurante são árabes (ou de culturas parecidas). Isso dificulta um pouco a minha situação, porque são muitos sotaques e pronúncias diferentes, e eu acabo sem saber o que é certo, mas acho que no fim das contas, o importante mesmo é se comunicar e não fazer besteira no trabalho. O resto, eu vou aprendendo com o tempo...

Beijos direto da primavera gelada de Vancouver... :)